A Sociedade fere professora e mata aluno em escola do ABC
Pedro Marangoni
Seria prematuro,irresponsável e infelizmente inócuo tecer qualquer ilação a respeito do ocorrido na Escola Municipal Alcina Dantas Feijão,no ABC paulista. O fato:o aluno David,de apenas 10 anos,disparou contra sua professora,Rosileide Queiros de Oliveira de 38 anos e depois cometeu suicídio. Mais nada de concreto. Procurem nos jornais,TV e Internet:é a violência que alimenta a maioria esmagadora das notícias,sem muita preocupação com a veracidade,o show deve manter sua continuidade para atrair a atenção,gerar Ibope...Mesmo com todo o poder da mídia,com a facilidade das comunicações instantâneas,os profissionais simplesmente jogam os dados no ar sem maiores verificações:suicídio com um tiro na cabeça,dois tiros no pescoço,a professora ferida nas costas,no estômago,o garoto era manco e sofria de bullying,o garoto era problemático,era bom aluno,era mau aluno,etc,etc... tudo isso a respeito dos dados,sem contar o besteirol dos comentários aos gritos dos especialistas em espalhar sangue ao vivo na TV. Daqui uns dois ou três dias verão algum psicólogo de plantão preenchendo o espaço em programa popular,discorrendo sobre o tal desenho supostamente encontrado na mochila da infeliz criança: - a escola,a professora,apenas um aluno na sala com a frase “eu com 16 anos”: ...demostrou seu desejo de liberdade pela exclusão dos demais alunos na sala,a busca em alcançar uma idade maior para poder lutar e seu repúdio à autoridade que oprime ali representada pela professora;ao atingí-la,procura eliminar o problema que não entende e não se adapta:a própria sociedade... E todos na roda balançarão positivamente a cabeça,impressionados com a profunda autópsia do fato e pronto! Caso explicado e resolvido,um ato anarquista e inevitável... Releva-se o fato de que foi uma criança de 10 anos de idade,um brasileirinho que deveria estar se distraindo com carrinhos de brinquedo...Aguardemos o próximo.
O problema não é tão simples como o procurar a causa imediata,o fator detonante do ato em si ou clamar por segurança na porta das escolas,uma medida absolutamente ridícula,inócua. É a Sociedade que necessita segurança em sua porta e tratamento psiquiátrico! É a Sociedade que ajudou a puxar o gatilho do três oitão,é a Sociedade que se endireita no sofá e grita para a cozinha:beeem,corre aqui ver,um menino deu um tiro na professora! Mas não confundam,não caiam na ladainha politicamente correta:bala não dá meia volta,a verdadeira vítima da sociedade será sempre o cidadão que está na trajetória do tiro,quem recebe o impacto,quem sangra e não quem está por detrás da arma.
A violência tornou-se parte integrante e banal de nosso dia a dia,o Brasil é um faroeste onde qualquer problema é resolvido com tiros,agressões ou falcatruas em todas as camadas sociais,governantes em destaque com seus exemplos de desonestidade e incentivo à criminalidade,desviando as verbas disponíveis e promovendo a impunidade para não gastar com Justiça,com novos presídios. Resolve-se tudo de maneira superficial,quem mata são as armas,pois bem,recolham-se as armas! Pouco importa se as armas também servem para defesa;pouco importa se as armas ao alcance das autoridades são as dos cidadãos honestos. Para cada um dos crimes diários,uma desculpa,uma explicação particular,tragédias inevitáveis,isoladas. Milhares de fatos"isolados e particulares",como se fosse invisível o enorme e sangrento mosaico formado! É o show que prevalece,o teatro,não o racional,não o real. Tudo amplamente divulgado à exaustão e detalhado com ares de romance,heroísmo,informações ao vivo,coloridas,com música de fundo,que vão atulhando a mente de todos,principalmente de crianças e jovens com a personalidade em formação,cérebros esponjas prontos para absorver tudo que lhes lançam em cima. Problemas? Puxe o gatilho.
Temos dois tipos de criminosos :os inconscientes que puxam o gatilho e os inconsequentes mentores que fornecem a munição que explica seus atos e os tornam perdoáveis,até louváveis como reação contra uma"discriminação perversa",uma "desigualdade imposta". São eles conhecidos pela alcunha de políticos e cientistas sociais,filósofos nanicos e debiloides que do alto de suas fortalezas -cargos políticos,ONGs,Universidades- instigam a crescente banalização da violência como parte indissociável de nossos tempos.
A sociedade brasileira está doente,é psiquiátrica a doença mas o mais aterrador é que os insanos tomaram em suas mãos a direção desse hospício chamado Brasil...
Pedro, artigo brilhante.Parabéns!
ResponderExcluirAbrs, Filipa Saanan